quarta-feira, 21 de outubro de 2020

 SÉRIE: ADICÇÕES NA BÍBLIA

Ana – Codependência

I Samuel 1

O coração dividido é sempre uma cilada. Elcana, esposo de Ana, sabia disso com muita propriedade. Como sua esposa era estéril, e no objetivo de perpetuar seu nome, ele coabitou com Penina, serva de Ana. Bigamia, Poligamia e adultério sempre irão resultar em conflito.

Penina considerava-se superior, apesar de ser serva, por ter dado filhos ao seu senhor; Ana, entrou na armadilha da agora rival, e vivia depressiva achando-se sem valor e desprezada; Elcana, por sua vez, ficava dividido entre o amor pela esposa e a satisfação paternal conquistada através de Penina.

Para Ana, ter um filho ou filha era só o que importava. Sua vida parecia não ter valor sem que isso fosse realizado. Direcionou seu objetivo de vida para aquilo que ela não tinha controle e isso a levou para o fundo do poço. Como sabemos, muitas vezes temos que piorar para melhorar, e quando tudo parece perdido, é justamente no fundo desse poço que encontramos uma rocha para apoiarmos os nossos pés e tomarmos impulso para a retomada. Nesse momento, Ana decidiu entregar seu problema a Deus e não mais querer resolver sozinha sua situação.

Aprendemos que o melhor momento para começarmos a nossa recuperação é agora, dando uma reviravolta entregando nossos conflitos ao Senhor. Mesmo ainda sem estar grávida, o semblante da Ana mudou quando ele recebeu, e aceitou, a palavra do servo de Deus para sua vida. Depois de tantas promessas humanas, vazias de sinceridade e cheias de ilusões, agora era o momento de dedicar a sua vida e inclinar o seu coração para as palavras do senhor.

Todas as vezes que tentamos resolver nossos problemas com nossas próprias forças, somos abatidos porque não temos o poder de controlar as adversidades. Mesmo que tenhamos dinheiro, poder e fama, podemos ser surpreendidos por uma doença, por um escândalo, uma falência repentina ou um policial à porta procurando-nos.

Muitas vezes preferimos fingir que está tudo bem, fazendo vista grossa para os problemas e fazer de conta de que não está doendo, mas por dentro parece ter uma gangrena, corroendo todo o nosso ser, espalhando-se como um câncer em nossa alma. Vivendo de paliativos, os sintomas passavam por uns instantes, mas depois voltavam com mais intensidade. É o mesmo que tomar um inibidor para a dor da gastrite ao invés de trata-la: quando for ver, já está com uma úlcera.

Quando vivemos pelos velhos padrões, os mesmos que nos levaram para a situação calamitosa pela qual se está passando, nada muda. É estar apegado à falsa esperança de que tudo vai dar certo, mas para termos algo que nunca tivemos temos que fazer algo que nunca fizemos. É o momento de se voltar para Deus, abrindo mão da teimosia e descansando no Senhor crendo que Ele resolverá a nossa situação.

O melhor lugar para estarmos, ao olhar de muitos, é no nosso lar, mas na verdade não há um local mais confortável do que nos braços do Pai. O maior conflito de Ana foi dentro da sua casa, e muitos também sofrem calados oprimidos por seus próprios familiares. Então, mais importante que o nosso lar é a presença de Deus em nós. A partir daí, a presença divina irá contagiar a todos ao nosso redor e nossa casa será um local de paz e harmonia.

Quando Ana tirou o foco do problema e passou a se concentrar na solução, seu quadro mudou. Quando seu objeto de desejo deixou de ser em agradar ao seu marido e em ter um filho e passou a ser em obedecer a Deus, sua visão foi descortinada. Agora, já mãe de Samuel, após desmamá-lo, levou-o ao templo onde ele fora criado por Eli. A partir do momento que o Senhor entrou na equação do seu problema, a presença d’Ele supriu todas as suas necessidades e outros filhos surgiram como recompensa da sua fidelidade.

Se analisarmos a nossa vida e nos perguntarmos qual área da nossa vida temos total controle perceberemos que sem Deus nada somos, pois não controlamos nada. Assim como Ana entregou tudo aos pés de Deus, devemos entregar toda a nossa vida aos pés de Jesus. Devemos trocar a nossa codependência pelas coisas efêmeras por uma total dependência ao Espírito Santo.

 

 

 


segunda-feira, 5 de outubro de 2020

 

O CEGO DE JERICÓ

Marcos 10: 46 – 52

 

Se assim como Salomão tivéssemos a oportunidade de fazer um pedido à Deus, o que pediríamos? Talvez, assim como o jovem rico, faríamos um bom pedido, mas se não houvesse disponibilidade sincera para seguir os conselhos de Jesus de nada adiantaria; ou, a exemplo dos filhos de Zebedeu, iríamos querer uma posição privilegiada. Percebamos que nenhum desses pedidos foram atendidos porque o objetivo não era de acordo ao desejo do Reino de Deus.

Ao contrário dos exemplos acima, Bartimeu era um cego e seu pedido demonstrou humildade. No texto em destaque vemos alguns pontos que devem ser melhor absorvidos:

·         A cegueira espiritual nos marginaliza. Bartimeu era cego e sua condição o forçava a mendigar no caminho. Ele era envergonhado pois muitos passavam por ali e viam a sua situação e alguns ainda zombavam dele. Quando somos cegos, não enxergando que somos pecadores, viramos motivo de chacota e desrespeito alheio. Aparentemente, não temos valor algum, e nos resta viver dia após dia nessa ilusão.

·         Bartimeu ouviu falar de Jesus, ou seja, alguém falou do Filho de Deus para ele, e isso despertou o seu desejo de conhecer o Cristo. É necessário que preguemos a Palavra de Deus e deixar o Espírito Santo fazer a obra que levará o indivíduo ao arrependimento.

·         Quando reconhecemos que temos a necessidade de Deus em nossa vida não devemos cessar de clamar pelo nome de Jesus, ainda que muitos tentem nos demover dessa ideia ou nos afastar desse caminho, gritaremos mais alto o nome do Senhor.

·         Jesus ouve a todos que O chama e Ele restaura o nosso ânimo. Bartimeu, que antes era orientado a se calar e esquecer a Cristo agora é motivado a levantar-se e ir ao encontro do Salvador. Jesus não nos deixa prostrado, Ele nos levanta.

·         Ao se levantar, Bartimeu largou a sua capa. Ela representava o seu passado e era tudo o que ele tinha. Quando vamos ao encontro de cristo devemos estar dispostos a abrir mão de todo o jugo que sempre nos oprimiu, desejoso com a nova vida que teremos a partir do momento que estaremos na presença de Jesus.

·         Jesus sabia da necessidade de Bartimeu, mas mesmo assim perguntou o que ele queria que fosse feito. O desejo do Senhor é que tenhamos intimidade com Ele, que abramos o nosso coração com sinceridade e falemos tudo o que nos aflige, o que nos incomoda. O desejo de Deus não foi implantar uma religião, mas promover a reativação do relacionamento do Pai com a humanidade, perdida por causa do pecado e que pode ser restaurada através do Seu filho, Jesus.

·         Após o encontro com Jesus, Bartimeu teve a sua visão restaurada, e mais do que isso, a sua vida foi transformada. Imediatamente ele seguiu a Cristo pelo mesmo caminho que estava. O local da sua dor é o local da sua cura. Onde ele era humilhado agora passou a ser a passarela para um novo convertido ao Evangelho. O que causava vergonha agora teve que se prostrar para ser pisado por mais um salvo por Jesus Cristo. Quando nos entregamos ao Pai, a nossa realidade muda. Enfrentamos a dificuldade de cabeça erguida e certos da vitória. Quando a cegueira espiritual é tirada, vemos tudo aquilo que estávamos perdendo longe de Jesus, e o local da nossa vergonha passa a ser o nosso caminho de vitória. A glória da segunda casa é sempre maior do que o da primeira.

 

sábado, 3 de outubro de 2020

 SÉRIE: ADICÇÕES NA BÍBLIA


DALILA – TRAPAÇA

Jz. 16: 4-21

 

Dalila, esposa de Sansão na história narrada no livro de Juízes, teve uma vida dedicada ao engano, onde a maior realização da sua vida foi trair e destruí a vida do homem que mais a amava. O pouco relato sobre ela indica que sua essência era de trapaça. Assim como Dalila, muitos de nós vivemos no erro, pois o engano e a dependência por vícios e pecados andam de mãos dadas. Ela foi um mau exemplo de mulher e não deve ser seguida.

Quantas pessoas vivem uma vida de engano como se estivesse numa missão suicida? A preocupação em seguir uma visão secular, que obtenha a aprovação da grande maioria faz com que o indivíduo desista de coisas valiosas que Deus lhe deu, a exemplo da família, dos amigos, da profissão e até do ministério. Entram no adultério, físico ou espiritual, desviando o seu coração dos propósitos divinos e seguindo a vontade da própria carne.

Sempre que andamos no caminho do pecado, a manipulação e a trapaça nos acompanham pois se tornam um estilo de vida. Somos tomados por uma fúria incontrolável, onde nada nos satisfaz e todos os bons valores caem no esquecimento, pois nada mais nos sacia. Perdemos a referência do amor, do altruísmo e até das nossas reais necessidades, sendo levados por buscar prazeres efêmeros que se dissipam na primeira brisa.

Se não é possível dois corpos ocuparem o mesmo espaço ao mesmo tempo faz-se necessário que um ceda lugar ao outro. Temos que nos esvaziar de nós mesmos para nos enchermos daquilo que valorizamos. A Bíblia fala para nos esvaziarmos, despirmo-nos no velho indivíduo para se tornar uma outra pessoa. Acontece que quando ficamos longe do Senhor, esse local vazio em nós será preenchido por comportamentos pecaminosos. Não querendo reconhecer o nosso erro, somos trapaceiros até conosco buscando desculpas e justificativas para as nossas falhas.

A necessidade da aprovação alheia faz-nos ir em busca de uma imagem perfeita, e como isso é algo que beira o impossível, frustramo-nos e chegamos ao ponto de ficar doentes. O desejo de sermos aceitos e aumentarmos o nosso rol de amigos faz com que fiquemos sozinhos, pois faremos relações superficiais sustentadas por uma linha tênue que pode se romper rapidamente. Desta forma, iremos sentir-nos abandonados, desanimados, dispersos da realidade na qual realmente nos encontramos, trazendo descontrole sobre nossas atitudes e escrevendo na história uma imagem que iremos preferir apagar pois não nos trará boas lembranças.

A vitória sobre esse comportamento trapaceiro e manipulador só será possível quando a vida for controlada pelo Espírito Santo que irá nos encher a partir do momento que Jesus for o Senhor e salvador da nossa vida. Com Cristo nos guiando, seremos levados ao confronto com tudo aquilo que nos aprisionava, pois não há vitória sem lutas. A escolha por uma nova vida trará forças para vencermos nossos medos e fraquezas e romperemos com esse ciclo de dependência que só traz engano e destruição. A dor do passado será apenas lembranças de uma vida que não deverá ser repetida, e como testemunho daquilo que Jesus fez e de onde ele nos tirou.