terça-feira, 28 de julho de 2015

Quem é o anticristo?


Você sabe quem é o anticristo? Nem eu. Na verdade, creio que só Deus é quem sabe a pessoa que se oporá ao Seu Filho.
No entanto, são possíveis de análise alguns pontos concernentes a este assunto. Vamos estudar um pouco tendo por base a Bíblia e a Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia que referenciaremos no final.
Em II Tessalonicesses 2, 1-12, o apóstolo Paulo relata brevemente como será a ação desse malfeitor. Citaremos alguns pontos que dão uma pista sobre o anticristo, mas não temos a pretensão de esgotá-lo. Vejamos:
  • O anticristo negará tanto o Pai como ao Filho (I João 2,22);
  • Ele negará o significado e a importância da encarnação de Cristo (I João 4, 1-3; II João 7);
  • O anticristo promoverá um espírito anticristo no mundo, isto é, arregimentará pessoas com o mesmo objetivo que o seu;
  • Uma das suas principais características será a capacidade de seduzir e de enganar. Isso incluirá maravilhas mentirosas (II João 7);
  • O anticristo será um indivíduo caracterizado pela incorporação da mais profunda maldade em sua própria pessoa. Será considerado sábio aos olhos humanos, mas será um gênio do mal;
  • Ele será ateu supremo, negando ao Deus Pai e Deus Filho, opondo-se a qualquer conhecimento dado a Deus e exaltando-se a si mesmo como se ele fosse um deus;
  • O anticristo será operador de milagres e espantará o mundo com realizações científicas que apresentará como superior a qualquer coisa espiritual;
  • Como enganador que ele é, se apresentará como uma imitação da encarnação, porquanto satanás estará com ele, habitando nele. Desta forma, será a personificação da mais elevada forma de maldade imaginável (II Tessalonicenses 2,9);
  • Ele será judeu, pois somente tal homem poderá ser o verdadeiro anticristo, a quem Israel acolherá por algum tempo (João 5,43), vindo depois a rejeitá-lo;
  • A princípio, ele se mostrará amigável para com Israel, recebendo a sua lealdade (Daniel 9,27). Mas, finalmente, voltará com toda sua fúria contra os hebreus;
  • O seu aparecimento se dará imediatamente antes do período chamado tribulação;
  • O anticristo contará com um profeta, um precursor (Apocalipse 13, 1-8; 16,13; 19,20; 20;10);
  • Ele obrigará a humanidade a adorar a satanás na tentativa de extirpar da terra o conhecimento de Deus. Perseguirá a todos quantos prestam lealdade a Deus e ao Seu Ungido, e grandes multidões serão martirizados por esse motivo (Apocalipse 13,15);
  • O anticristo aplicará sanções econômicas, exigindo certa marca identificadora para quem quiser comprar ou vender (apocalipse 13,16);
  • Ele próprio terá alguma forma de identificação numérica, a saber 666 (Apocalipse 13,18). Convém esclarecer que o número 6 simboliza imperfeição, uma vez que o 7 significa perfeição de Deus. A repetição deste número pode ter vários significados: para reforçar a sua imperfeição; para simbolizar a trindade satânica, etc;
  • O conceito do anticristo não deve ser reduzido a um conflito impessoal, entre o bem e o mal. Antes, deve ser interpretado pessoalmente. Ele será a própria encarnação de satanás.

Por fim, muito se especula sobre esse símbolo e esse número. Para alguns estudiosos, o 666 simboliza o nome de quem será o anticristo. O nome sugerido é Neron Caesar, cujo cálculo é feito à base do valor das letras gregas. Este nome, ao ser transliterado para o hebraico, de acordo ao valor das letras hebraicas, dá o resultado 666.
De qualquer forma, mais importante do que as especulações, é o cuidado que o servo de Deus deve ter a cada dia, pois não sabemos quando tudo isso ocorrerá. A Bíblia é a Palavra de Deus revelada aos seus, e se buscarmos conhece-la com precisão quando o falso aparecer iremos prontamente reconhece-lo por que termos pleno conhecimento da verdade. “Conhecereis a verdade e ela te libertará” (João 8, 32 e 36).



REFERÊNCIAS

CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Ed. Hagnus. Volumes 1 e 6. São Paulo, 2008.


Bíblia Sagrada.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

O LUGAR QUE SE CONQUISTA NA HONRA, SE PERDE NA DESONRA.


Deus rege o mundo por princípios, independente de nós estarmos ou não vivendo nessa rota. Se antigamente o poeta vivia o conflito do “ser ou não ser”, hoje a questão é TER, mesmo que não haja o SER.
Todo ser humano sente-se tentado nas áreas espiritual, terrena e individual. Todas as três com forte reflexo em nossa alma, e não saber “[...] como lidar com esta alma manipulada, que traz inquietudes, arranca sonos, tira a paz, traz transtornos e rouba a alegria” (Terra Nova: 2010, p. 22).
De tantas atitudes de desonra, quero salientar 03 que mudaram o rumo deste mundo: no céu, no Édem e em Israel. Nesses 03 casos vemos que a desonra causa a Perda da Presença Divina, no caso em particular de Lúcifer; a perda do território, no caso específico de Adão e Eva; e a perda da liberdade, com a conquista do povo hebreu por seus inimigos.
Muitas vezes pensamos em desistir no meio de uma provação. Certo teólogo já disse que “deserto abreviado, é deserto repetido”. Se desistimos no meio da caminhada, ao querermos voltar não iremos para o lugar que paramos, mas recomeçaremos do início. Certo dia perguntei a Deus por que tanto sofrimento? E Ele me inspirou a ler Isaias 53, 10. Se o Senhor agradou em moer o próprio Jesus que não teve pecado, porque não faria o mesmo conosco? É importante salientar que pela mesma mão que Jesus sofreu, o Senhor prometeu que Ele seria recompensado com prosperidade. Isso se cumpriu conforme Filipenses 2, 9 – 11.
Deus não se preocupa com nosso sofrimento. Ele não mudará seus princípios expostos em Sua Palavra por nossa causa. Jejuar, orar, ou fazer qualquer outra coisa não move o coração de Deus. Ao contrário, move o nosso em direção aos seus princípios. A partir daí a Palavra do Senhor se cumpre e prospera em nossas vidas.
Percebam que em 02 dos 03 casos os personagens perderam o direito de acesso ao território. Adão e Eva, e Lúcifer, foram expulsos dos seus territórios e nunca mais puderam ter direito a acessarem novamente. Quando desonramos, perdemos o direito àquilo que tínhamos conquistado.
Nos textos de Lucas 7, 36-39 e João 12, 1-7 encontramos três pessoas com atitudes distintas: enquanto uma prestava adoração ao Senhor, outra julgava e outra buscava a honra para si, desviando a adoração. Todas as vezes que alguém busca honrar a Jesus, aparecerá alguém que vá criticá-lo, e uma outra pessoa que dirá ter uma experiência igual, ou melhor, àquela tentando trazer a atenção para si. A alma que honra a Deus terá a prosperidade desatada em sua direção.

A adoração a Deus fere a Lúcifer. Ele era ministro de louvor, e sabe o poder que a música tem no mundo espiritual. Seu erro não foi querer ser maior que Deus, mas ser igual a Ele. Queria que a adoração que o Senhor recebia também fosse dada a ele, e não existe verdadeiro louvor em meio a desonra.
Conforme João 4, 24, Deus procura adoradores. Deus envia missionários, chama pastores e levanta apóstolos, Mestres e Profetas, mas só uma classe Ele realmente busca, porque sabe que é difícil achar.
Deus nos dá dons e talentos, e muitas vezes os enterramos. Conforme Terra Nova, “[...] quando não sabemos o que temos, podemos, até mesmo, possuir riquezas que estão bloqueadas e precisam ser reivindicadas” (2010, p. 61). Se não honramos a Deus com aquilo que temos de melhor, estaremos fadados a viver em cativeiros, físicos ou espirituais.
Li certa vez, mas não posso precisar onde, que quando pedimos a Deus aquilo que Ele não nos ofereceu, podemos perder até aquilo que Ele já nos deu. Muitas vezes queremos ocupar o lugar do outro por nos julgarmos superiores, ou por nos considerarmos ofendidos com suas ações. Enquanto não curarmos nossa alma, sempre encontraremos pessoas em nossa caminhada com esse perfil para nos moldar. Deus quer nos usar, mas temos que dar espaço para Ele agir em nossas vidas.
Devemos entender que não há pessoa insubstituível. Deus nos usa no Seu tempo, naquilo que Ele determinar. Muitas vezes, é necessário que alguém saia para que outro possa continuar o trabalho. Foi assim com João Batista e Jesus; amanhã pode ser eu ou você.
A forma como reagimos determinará o alcance da nossa conquista. Moisés conseguiu muitas vitórias com seu jeito manso; Davi foi um rei vitorioso devido seu coração quebrantado e adorador.
Por mais vitorioso que nós venhamos a ser, devemos lembrar que toda honra pertence a Deus. Nenhum homem por melhor que seja; por melhor que seja o líder, não substituirá o lugar de Deus. Se não nos atentarmos a isso corremos o risco de criarmos falsos deuses em nossas vidas, de levantarmos falsos altares de adoração.
Se perdermos o foco de Deus em nossas vidas, poderemos vender nossa unção por um prato de lentilhas, ou por qualquer 30 moedas de prata. A desonra que começa em nós alcança toda a nossa família. Segundo os historiadores, a mulher adúltera que foi pega em pecado era descendente de Caim; enquanto o rei Herodes, tanto o pai como o filho, descendiam de Esaú. A diferença entre eles é que a mulher se arrependeu e se prostrou aos pés de Jesus; enquanto os Herodes mataram gerações e morreram comidos por bicho. Muitas vezes não nos apercebemos que nossas decisões hoje influenciaram o futuro nosso e dos nossos parentes (Êxodo 20, 5).
Cristo, ao morrer na cruz, deu toda legalidade àqueles que o reconhecerem como seu Senhor e Salvador alcancem, se buscarem, a libertação de tudo que oprime sua alma. Por isso, só pagaremos pelo erros dos nossos antepassados se quisermos, mas a vontade d’Ele é que ao tomarmos conhecimento desses erros, os renunciemos para sermos libertos. Sem arrependimento ninguém chegará a Deus.
É interessante entendermos que não foram só Adão e Eva que perderam o Éden, mas também aqueles que estavam sob seus cuidados foram prejudicados, tendo também que sair. Até a Terra, por ser amaldiçoada, forçou o Paraíso a sair dela.
Nossa honra deve ser inegociável. As finanças, muitas vezes, nos fazem querer vender nossa unção. Não devemos nos aliar com ninguém buscando a desonra. Não existe um evangelho particular para as nossas pretensões. No Reino, toda a equipe tem que estar empenhada num mesmo propósito, que é cumprir os princípios divinos.
Não percamos o lugar que Deus nos deu. Andemos em espírito, pois se nossas almas nos dominar estaremos fadados à derrota e a desonra.





Bibliografia:

TERRA NOVA, René. A gênese da Honra. 1ª ed., Semente de Vida Brasil, SP, 2010. 222 p.

Bíblia de Estudo Vida. ARA. 2ª edição. 1999.

terça-feira, 14 de julho de 2015

UM LÍDER ENFERMO NÃO PODE GERAR CURA


Os tempos de hoje estão muito perigosos, sobretudo, no campo espiritual. Por isso, devemos estar em comunhão, sob a cobertura de pessoas fundamentadas na Palavra.
Muitas igrejas estão muito preocupadas com o sucesso que muitas vezes não tem a ver com a vontade do Espírito Santo.
A Bíblia ensina que existe um só batismo (Efésios 4, 5), mas existem vários enchimentos. Devemos nos encher diariamente do Espírito de Deus.
Nenhum líder tem o direito de estar no altar de Deus estando vazio do Espírito Santo. Nenhum ministro pode ser semelhante ao povo no nível da unção. É fundamental que o líder encha-se diariamente, santifique-se constantemente, pois ele é ungido de Deus para algo especial.
Jesus era e é Deus. Em Filipenses 2, 5-11, Paulo fala que Ele se esvaziou da forma divina. Ele era Deus, mas abriu mão desses requisitos e direitos. Ele passou por TODAS as provações que nós passamos, mas preferiu não pecar. Jesus disse: “Ninguém me convence de pecado” (João 8, 46). Muitos imaginam que Ele não pecou por ser Deus, mas na verdade foi porque decidiu não pecar. Percebamos, ainda, que a vitória do Senhor começou a ser escrita a partir do momento que Ele foi cheio do Espírito no Jordão. Sem essa capacitação Ele não passaria e venceria a prova do deserto.
Cristo sempre será nosso modelo. Assim como Ele precisou desse revestimento, os seus discípulos também foram orientados a isso (Lucas 24, 49), o que se cumpriu em Atos 2.
No entanto, mesmo sendo cheios do Espírito, temos que estar atentos para não darmos lugar à carne. O líder também é humano, e muitas vezes cai em sua própria vaidade. Citarei alguns casos de pessoas, que apesar de experiências com o Senhor, demonstraram ter sua alma ferida, e impossibilitados de curar a outros sem que antes curasse a si mesmo.
Em II Reis 2, 9 – 14, vemos que Eliseu recebeu a porção dobrada do Espírito de Elias.
Mesmo assim, ele não vigiou. Em todo o seu ministério ele fez muitos milagres, mas só executou um cura (II Reis 5). Justamente por causa desta cura, ele cometeu o seu segundo grande erro (ao meu ver). Vejamos:
O primeiro grande erro desse profeta cheio do Espírito de Deus foi, num momento de ira. Sem vigiar, mandou matar uma geração de possíveis futuros profetas (2 Reis 2, 23-24). Para alguém da sua estirpe, era possível uma solução melhor.
O segundo erro foi mais uma vez, levado por sua indignação, amaldiçoar seu servo e toda a sua geração (II Reis 5, 20 – 27). Imaginem a dor desse homem ao saber que por sua culpa TODOS os seus descendentes nasceriam leprosos, amaldiçoados, apartados do arraial? Como ele iria se explicar para sua família? Como deve ter sido ver seus filhos, netos, bisnetos... sob tal maldição? Somente Jesus foi capaz de interromper essa maldição, quando curou o último representante leproso da família de Geazi, justamente aquele que voltou para agradecer (Lucas 17, 11 – 19).
Na própria equipe de Jesus existia líder doente. Desta vez falaremos de Tomé.
Se formos analisar friamente o contexto pelo qual os discípulos estavam passando, não é de se estranhar e condenar a dúvida de Tomé. Nem o próprio Jesus o repreendeu, antes apenas o alertou para sua pouca fé (João 20, 24-29). Mas a questão que eu quero enfatizar aqui não é simplesmente sua dúvida, mas sua atitude.
Conforme Terra Nova (2010), a atitude de Tomé simbolizava o líder que desonra seu mentor buscando tocar em suas feridas. Quantos líderes em nossas igrejas estão mais preocupados em expor e cutucar a ferida de seu pastor?
Existe muita gente se dizendo capacitado por Deus para te ajudar nas suas necessidades, mas na verdade está querendo conhecer suas fraquezas para te expor ao ridículo. Façamos como a Sunamita em II Reis 4, a partir do verso 8. Ela não contou seu problema a qualquer um, mas apenas para o servo de Deus.
Não obstante, muitos líderes tem até a boa intenção de ajudar aos seus liderados. É uma pessoa solícita, temente ao Senhor, conhece bem a Palavra, mas a sua alma não está curada. Creio que a única coisa gratuita para nós é a salvação. A cura e a santificação é um processo que devemos nos esforçar para alcançar. Quando Jesus morreu naquela cruz, Ele abriu as portas celestiais para termos acesso a TODAS as bênçãos, mas se não tomarmos posse, nunca as alcançaremos. Não deixe nada impedir você de buscar a cura da sua alma.
Um líder cujas feridas ainda estão abertas não terá plena condição de auxiliar o próximo, porque todas as vezes que tocarem nas suas marcas ele irá sofrer, gemer, e talvez até desistir. Quando Jesus foi confrontado por Tomé Ele não temeu, porque as suas chagas já haviam sido saradas.
O altar é coisa séria. É lugar para gente sã e não doente. Um cego não pode guiar outro cego (Mateus 15, 14).
“Seja você um líder curado no espírito, na alma e no corpo.” (Terra Nova: 2010, p. 201).
Tomé precisou ser confrontado para ser curado. Hoje é pregado um evangelho de facilidades, mas a vida do crente tem que passar pelo deserto porque ali é escola de profeta. Passar não é morar! Deus corrige aquele que ama (Provérbios 3, 12).
Após aceitar a correção do Senhor, Tomé foi restaurado. Ele não precisava mais tocar nas feridas do Mestre. Sua alma foi alcançada pela voz de Jesus.
A honra é porta de acesso para a nossa prosperidade. Estou falando de ser próspero e não rico. Poucos ricos são prósperos, mas todo próspero tem uma riqueza que não tem preço. Tem gente tão pobre, mas tão pobre, que a única coisa que tem é dinheiro. Por isso concluo dizendo que a prosperidade será a nosso favor a partir do momento que formos libertos e curados.





Bibliografia:

TERRA NOVA, René. A gênese da Honra. 1ª ed., Semente de Vida Brasil, SP, 2010. 222 p.
Bíblia de Estudo Vida. ARA. 2ª edição. 1999.




sábado, 11 de julho de 2015


A RESTAURAÇÃO DO CHAMADO

Muitas vezes, a vida é tão doída que nos faz querer deixar tudo aquilo que acreditamos e seguimos até aquele momento. Desejamos fugir, apagar nosso passado, reescrever nossa história, fazer de conta que nada do que já nos aconteceu existiu. Buscamos solução, e aos nossos olhos é algo inalcançável. Não temos direito ao perdão, a uma nova chance. Preferimos crer que nossas habilidades, conhecimento, beleza, bens ou outro atributo qualquer nos farão prosperar por nós mesmos. Esquecemos até de Jesus, das suas promessas e projetos para as nossas vidas.

No Evangelho de João, cap. 21, vemos a história dos discípulos de Jesus que apesar de terem visto que o Senhor tivera ressuscitado, seus ânimos estavam abalados. Assim como o povo de Israel no deserto desejaram voltar para o Egito, eles se moveram em direção ao passado, a fazerem aquilo que tinham sido orientados a mudar o foco.

Dos 07 discípulos que ali estavam 03 deles eram mais próximos de Jesus, a saber: Pedro, Tiago e João. Segundo Terranova (2010), esses 03 simbolizavam respectivamente: a igreja, a família e o discipulado, áreas cruciais para o Evangelho. Eles estavam como principais líderes influenciando os demais a voltarem a pescar peixes. Se verificarmos em Mateus 4, 19. Jesus chamou os discípulos, antes pescadores de peixes, a pescarem homens, espiritualmente falando. Não que o trabalho secular seja proibido aos pastores, pois o próprio Paulo trabalhava tecendo redes, mas o foco estava errado, eles fizeram o que faziam no passado e isso não agrada a Deus. Apesar do encontro que acabaram de ter com o Senhor, seus olhos ainda não estavam completamente abertos para o chamado que eles tinham.

Sempre que queremos resolver as coisas com a força dos nossos braços acontece a desilusão. Eles nada apanharam. Na verdade, tomaram uma dura surra no seu ego. Passaram a noite toda em vão.

Vemos também que o Senhor não participa dos nossos erros. Jesus só apareceu quando eles voltaram do mar, mas não se deixou reconhecer. Interessante ver que Ele não os repreendeu, mas os fez perceberem que quando fazemos as coisas debaixo da autoridade, permissão e ordem do Senhor toda a nossa realidade muda. Eles foram orientados a jogarem novamente sua rede ao mar, à suas direitas, e encheram suas redes de peixe, de tal forma que não poderiam puxar.

Ao se revelar, Pedro foi o primeiro a se vestir e ir ao encontro do Senhor. Percebemos que o pecado expõe a nossa nudez, e não conseguimos encarar a Jesus vivendo nossos erros. Chegara o momento dele ser restaurado, era chegada a hora da cura daquele pescador.

Daqui a pouco voltaremos a Pedro. Por enquanto, vamos analisar outra história de quase desistência.

Em Lucas 24, 13-35, vemos a história de dois discípulos em fase de desistência. Posso imaginar a decepção deles da seguinte forma: Antes de Jesus vir ao mundo de forma corpórea, muitos outros apareceram dizendo ser o Cristo. Eles agregaram discípulos, mas foram presos, mortos e seus seguidores se dissiparam. Quando Jesus apareceu, creio que os familiares desses dois discípulos, e seus amigos, os aconselharam a não irem, pois seria mais um engodo, uma decepção. Eles não ouviram o conselho e foram. No entanto, aparentemente ocorreu o mesmo que com os outros “Cristos” e que os próximos a eles tinham avisado. Jesus foi preso, morto e seus seguidores fugiram. Agora eles tinham que lidar com a decepção de voltarem para a casa, derrotados, e terem de encarar a todos aqueles que eles deixaram para trás. Mas percebam que quando temos uma promessa em nossa vida, se nos mantivermos no princípio divino, não morremos sem que ela se cumpra. Foi assim com Simeão, conforme Lucas 2, 25-35. Conta a história que esse levita não estava escalado para trabalhar naquele sábado. Mas ele tinha a promessa de ver a Jesus com seus próprios olhos. Ele já era velho, e há muitos anos esperava confiantemente o cumprimento dessa promessa. Aconteceu que a pessoa escalada não pôde ir ao templo, e chamaram apressadamente a Simeão para substituí-lo. Quando ele chegou para desempenhar suas atividades, aparecem Maria e José com Jesus para apresenta-lo no templo. A promessa se cumpriu em sua vida, porque ele esperou pacientemente no Senhor (Sl. 40, 1).

Voltando aos discípulos de Emaús, quero ressaltar alguns pontos que julgo importante:

1 – Quando se sai do caminho, da rota estabelecida por Deus, nossos olhos ficam cegos para a revelação divina (vv. 16);

2 – Não se consegue crer nas coisas divinas quando se está de volta ao passado (vv. 15-24);

3 – Não existe alegria verdadeira longe de Jesus (vv. 17);

4 – Apenas um dos dois discípulos teve o seu nome citado (vv. 18). Devemos nos esforçar para que nosso nome seja lembrado positivamente na história, mas principalmente que ele esteja escrito no Livro da Vida;

5 – Jesus permite que nossos olhos se fechem para que enxerguemos com nosso espírito. Quando os olhos espirituais não se abrem naturalmente, Deus nos concede a graça que eles sejam abertos (vv. 30-32);

6 – O Senhor sempre se revelará através da Sua palavra (vv. 25-27). Nada que aconteça que não esteja respaldada na Bíblia deve ser considerado;

7 - Após o reencontro com Jesus, a fé foi renovada, e eles nem quiseram se contaminar com o passado. No mesmo instante retornaram para a rota da qual estavam desistentes (vv. 33-35).

Voltando à história de Pedro, chegou a hora dele ser restaurado. Fomos ensinados que o lugar da nossa dor é o lugar da nossa cura. É duro termos que reviver o passado, pois muitas vezes cremos que o que aparentemente está esquecido está solucionado. Mas não é bem assim.

Pedro viveu a experiência de um choro amargo quando negou a Jesus 3 vezes. A alma ferida é mais difícil de ser curada do que a dor física, mas Deus quer e pode curar. Durante a negação, Pedro simbolizou o discípulo que trai o seu mestre negando que o conhece ou que alguma vez o tenha conhecido. Conforme Terra Nova (2010), sempre existirá um“galo” para aqueles que desonram seus líderes serem confrontados em sua alma. Observemos que o momento da dor de Pedro ocorreu em frente a uma fogueira.

Jesus é especialista em ter seus métodos próprios para nos tratar no nível da nossa necessidade. Ele sabia que Pedro era valioso para Sua obra, e que da forma que ele estava o resultado seria danoso, afinal, outros seis discípulos estavam sendo influenciados negativamente por ele (vv.3).

O Senhor permitiu que eles pescassem primeiro sem sua Palavra, e foram decepcionados. Depois, sob seu comando, eles pescaram milagrosamente, mas o Senhor não comeu do peixe da incredulidade, pois já tinha os seus próprios na brasa esperando eles voltarem. E justamente ai, em frente a fogueira, que ocorreu o maior milagre na vida de Pedro.

Pedro foi confrontado em sua dor. Fez com que a sua memória fosse reativada para que ocorresse a cura. Jesus fez ele confessar a sua falha e assim foi curado. A partir daquele momento, a fogueira já teria outro sentido em sua vida, ao invés da dor, a cura. Conforme Terra Nova, “[...] para cada desonra, cada negação, uma restituição” (2010, p. 206). De acordo a alguns teólogos, o termo “amor” usado por Jesus tinha uma conotação diferente da usada por Pedro. No hebraico, o termo usado por Jesus tinha o sentido Ágape, amor verdadeiro, divino. Já Pedro, usou o termo philos, isto é, amor fraternal, de amigo. Então, o diálogo ocorreu mais ou menos assim:

·         Pedro, tu me Ágape?

·         Jesus, tu sabes que eu te philos.

·         Pedro, tu me Ágape?

·         Jesus, tu sabes que eu te philos.

·         Pedro, tu me Ágape?

·         Senhor, tu sabes que eu te philos.

Apesar disso, Jesus sabia que Pedro seria um vaso valioso em sua mão, e Pedro percebeu que a promessa que recebera ainda esta ativa. Jesus restaurou o coração e a confiança de Pedro, e este foi um dos principais líderes da igreja que estava por nascer.

Concluo com algumas máximas que tenho aprendido minha caminhada:

·         As decepções pelas quais passamos podem alterar os nossos valores. I Co. 15,33 diz que “as más conversações corrompem os bons costumes”.

·         Conforme Terra Nova, “[...] quando negociamos nossa identidade, até o invendível perde o valor para nós” (2010, p. 209).

·         Muitas vezes, o que nos bloqueia está oculto em nosso inconsciente, e o diabo faz questão que elas não venham à tona para a cura. É o quartinho escuro que temos em nossa alma que nos faz negar a nossa identidade.

·         A unção, a identidade e o manto que Jesus tem para nós não tem preço.

 

 

 

Bibliografia:

TERRA NOVA, René. A gênese da Honra. 1ª ed., Semente de Vida Brasil, SP, 2010. 222 p.

Bíblia de Estudo Vida. ARA. 2ªedição. 1999.